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Humor, crítica, crônica, comédia e sátira sobre o Rio de Janeiro, o Brasil e o Mundo |  Defendendo o humor inteligente do Capitalismo e do Aquecimento Global, antes que se torne brinde de pasta de dentes

quinta-feira, 25 de setembro de 2008



Ficção sem Nome

Este é o primeiro post de uma série sobre Ficção 2.0. Depois do Projeto #microconto via Twitter, voltamos ao blog pra começar uma história e deixar a cargo dos leitores terminá-la. Assim todo mundo ganha. O autor escreve menos, o leitor acha que participa e quem sabe eu não apareço nessas revistas contando sobre o novo processo criativo derivado da web 2.0? Acreditem, se eu ganhar algum, prometo esquecê-los rapidinho...

Segue nossa primeira história:

- Cacete!
- Que houve?
- Nada, não. Droga de frio - reclamou Dionis, esfregando os braços. Droga de friaca, onde a gente tá afinal, Plutão?
- Na verdade estamos perto de Saturno. Dá pra ver o anel? - Brincou o sargento Molony.
- Dô não, dô porra nenhuma. Muito menos pra ver lixo em órbita. Vou pegar um café.
- Pega pra mim também.

Dionis volta, dois cafés na mão.

- Cheguei lá tinha acabado, tive que fazer um novo. Tá, fresco?
- Engraçadinho. Seu café é uma merda, mas pelo menos tá quente.
- Quando esse frio vai diminuir?
- Não vai, porque iria? Estamos cada vez mais longe do Sol...
- Eu sei, porra, mas quando a gente volta?
- Ah, não sei...
- Sabe sim, só não pode falar.

Molony sorriu levemente, levando o café à boca em seguida.

- Porra, ficar de plantão nessa porra é maior furada - Dionis não se conformava.
- Quem mandou entrar pra Infantaria...
- Eu fiz prova pra piloto, não passei. E você? Todo estudado e entendido aí, porque tá nessa roubada?
- Sei lá... Pára de reclamar. Segura um cigarro aí.
- Pode fumar aqui??
- Poder não pode... - Molony acende o cigarro - Mas se você não contar, eu também não conto.

Dionis dá duas baforadas e se enconsta. Olha pela janela, distante, e pergunta quase que para si mesmo:

- Você lembra do Azeus?
- Aquele baixinho, do 3o. Regimento?
- Ele mesmo. Lembra que ele tinha um irmão na Inteligência, e que enchia o saco dizendo que ia ser nosso comandante um dia... Lembra? Como era folgado aquele pilantra...
- Mas por que você tá falando dele?
- Sei lá... nunca mais ouvi falar dele.
- Acho que morreu naquela operação em Marte, aquele cerco uns 2 anos atrás.
- Pertinho de casa... A gente sai um dia e não sabe se volta... - Dionis continuava olhando pela janela.

(continua...)