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Humor, crítica, crônica, comédia e sátira sobre o Rio de Janeiro, o Brasil e o Mundo |  Defendendo o humor inteligente do Capitalismo e do Aquecimento Global, antes que se torne brinde de pasta de dentes

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008



Mensagem de Fim de Ano 2008

Amigos,

Desejei ser breve e sucinto na minha mensagem de fim de ano. Ultimamente não tenho me sentido muito feliz rebuscando demais o que quero dizer.

Junto com o Natal sempre surgem alguns comentários sobre consumismo. Algumas pessoas passam o ano inteiro falando de celular, tênis, gadgets, carros, etc. mas acham que o Natal é muito consumista.

O lado bom é que talvez essa seja a única época do ano em que pensemos no assunto.

Fora do Carnaval não faz sentido se vestir de pirata e dançar e beber pela rua. Mas quem faz isso não pensa se o Carnaval é consumista. Simplesmente entra no clima.

Então, mais uma vez venho aqui defender: o Natal é o que fazemos dele.

Aproveite o clima e a consciência e faça o Natal uma época mágica como deve ser.

Bom Natal a todos, e um 2009 de saúde e alegrias.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008



Retrospectiva 2008

Sei que você mal podia esperar o ano acabar só pra ler a Retrospectiva 2008 no Mamendes Express. Tão certo quanto o Especial Roberto Carlos, a Retrospectiva é a prova definitiva de que ainda vale a pena dividir a translação da Terra ao redor do Sol em 12 meses de duração variada e complexa.

O ano de 2008 foi digamos paradoxal. Vários tiroteios em universidades americanas, Raúl Castro assume Cuba, vários atentados suicidas no Iraque, um revival da União Soviética no melhor estilo festa Ploc, com direito à supremacia comunista, invasão da Geórgia, lançamento do jogo Red Alert 3 e explosão em submarino nuclear.

Mas afinal o que isso tem de paradoxal? Deixa pra lá, vamos aos fatos que marcaram o ano:

Janeiro - O MASP é assaltado e decide ligar as câmeras de segurança.

Fevereiro - A Petrobrás é assaltada e decide ligar a criptografia dos arquivos.

Março - As FARC geram um mal estar político na América do Sul. Como um pitbull fora da coleira, as FARC fazem sujeira no quintal dos vizinhos e avança pra cima de todo mundo, mas Hugo Chavez diz que pode ensiná-la a dar a patinha, rolar e fingir de morta.
A Bovespa se une a BM&F para formar a maior (e única) bolsa de valores do Brasil.

Abril - Se não fosse por um pedófilo alucinado da Áustria nada teria acontecido em Abril. Nem na Áustria.

Maio - Antevendo o que estar por vir (em setembro), videntes de todo o mundo dobram seus estoques de água, comida e pilhas, hipotecam suas casas e vendem suas posições em Wall Street. Na Índia, os templos fervem sob a iminência do fim do mundo.

Junho - Sem nenhum maluco austríaco pra virar notícia, nada acontece em Junho.

Julho - Explosões na Índia. Ingrid Betancourt é resgatada das FARC direto para as capas de jornais e revistas (até ameaçarem mandar ela de volta). Mazi Grassafera, quer dizer, Grazi Massafera aluga um filme e come pipocas no sofá [afirma capa de revista de circulação nacional].

Agosto - Confusões num templo na Índia. O Revival da União Soviética cresce e a Rússia invade a Geórgia, disputando a atenção com as Olimpíadas de Pequim. Quando aliás a China dá um show de determinação, raça, manipulação e cerceamento da verdade.

Setembro - Confusões num templo na Índia. O colisor de hádrons (LHC) entra em funcionamento e jedis de toda a galáxia sentem um distúrbio na Força. Nos próximos meses várias situações sinistras vão acontecer. O céu por exemplo, que costumava ser verde, passa a ser azul, alterando a memória de todos os humanos instantaneamente. Dá-se início então à maior crise financeira mundial desde a Segunda Guerra.

Outubro - A crise se agrava, principalmente nas capas de jornais. Gabeira se candidata a prefeito do Rio e impulsionado pela direita (pasmem) quase ganha! Felipe Massa (do Brasil-sil!) passa em primeiro, campeão da temporada de F1. Mas Robinho Hamilton ultrapassa a velocidade da luz e volta no tempo, levando o título pra casa.

Novembro - Obama é eleito, num feito histórico. McCain ainda tinha dúvidas? Os americanos elegeram Papai Noel na tentativa de fazer Natal o ano inteiro. Por falar em Papai Noel, eu comprei um Xbox 360. Suzana Vieira chuta o marido pra fora de casa (mais um efeito do LHC?). Florianópolis debaixo d'água. Muitas bombas na Índia.

Dezembro - O mundo cristão-ocidental celebra o Natal, assim como todos os demais que não trabalham nesse dia. Mas por que escrever isso numa retrospectiva, já que acontece todo ano? O fato é que antes do LHC ser ligado o Natal era em janeiro, mas quem poderia sabê-lo?

Vamos abrir mão dessa vez das previsões para 2009, pois com o LHC e a crise financeira global por aí toda a relação causa-efeito esta sendo revista pelos físicos e sociólogos pseudo-economistas do mundo. Só o que eu posso garantir é que, segundo a imprensa, vem aí uma crise über-mega no Brasil! Corram para os templos da Índia!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008



O Manual da Buzina Carioca

Já perdi a conta de quantas vezes amigos e parentes de fora da cidade comentaram comigo o quanto carioca gosta de buzina. A verdade é que o carioca dirige com uma mão na buzina e a outra pendurada do lado de fora.

O carioca adora a buzina. É uma forma de expressão. Um belo instrumento musical de uma nota só. E há muito que faz parte da trilha sonora do nosso dia a dia. A vitória do time é celebrada ao som de várias buzinadas -- longe da casa do buzinador, claro. Quem tem boa memória lembra do som da buzina daquele Fusca 77 no qual deu o primeiro beijo... E quem nunca teve uma cena romântica interrompida por uma boa buzinada?

A buzina em si é um serviço público que garante que o trânsito flua mesmo em regiões complicadas. Mais ou menos como o berrante de um tocador de gado. Por exemplo, se não fosse pela buzina, todos os dias dezenas de motoristas morreriam de inanição parados no sinal por não perceber que ele abriu.

Mas mesmo os cariocas nascidos e criados, dirigindo o carro do pai desde os 14 anos, muitas vezes têm problemas para entender o que o companheiro sangue-bom está tentando dizer com tanto escândalo.

Assim, compilei alguns dos principais 'verbetes buzinais' comuns do nosso dia a dia, servindo de guia para os visitantes e auxílio para os locais.

(E se tudo der certo vou conseguir um lobby para colocá-lo na bibliografia para a prova do Detran.)

Seguem:

1 toque forte = Seu fdp!
2 toques fortes = É você, seu palhaço!
3 toques fortes = Vai tomar no c*! (ou Vai-te à m).

3 toques curtos e cadenciados = O sinal vai abrir...
1 toque forte e longo = O sinal abriu há 0,2 segundos, pô! Eu avisei!

2 toques leves seguidos de assovio = Deusa maravilhosa, tamos aí!

1 toque breve e 1 longo = Já tô aqui embaixo, desce pô! (poupa-celular).

1 toque breve seguido de 2 longos = Não me fecha, táxi de m.
1 toque breve seguido de 3 longos = Não me fecha, caminhão de m.
1 toque breve seguido de 4 longos = Não me fecha, ônibus de m.

1 toque forte quase infinito (sujeito a efeito Doppler) = Sai da rua, fdp!

7 toques breves ritmados (pâ--pa-pa-pa-pam---pã-pã) = Ninguém atravesse a rua ou abra a porta do carro porque eu estou passando nessa rua estreita (se a rua for longa, repetido infinitamente tal qual uma sirene).

De 2 a 3 toques fortes curtos = Oi, Tchau ou Obrigado (vai saber, serve pra tudo e ninguém entende mesmo).

De 10 a 15 toques fortes curtos = Fulano! Fala aí! Sou eu! Aqui no carro! Não tá vendo pô? Aquiii! Oi! (o que em geral causa constrangimento no alvo da buzinada, que tenta desesperadamente fingir que não é com ele).

39 toques breves e fortes = Kombi ou van avançando o sinal pra cima dos pedestres.

Bom, estes são os principais para carros. Obviamente, é impossível falar de buzina sem falar em motos. Ela é simplesmente seu componente mais importante. Você pode dirigir sem capacete (só serve de máscara pra assaltante mesmo), com a perna engessada, falando ao celular ou passando mensagem de texto. Mas sem buzina não dá.

Seguem então os principais 'verbetes moto-buzínicos':

12 toques breves por segundo = moto passando entre carros.
12 toques breves por segundo = moto entrando no túnel.
12 toques breves por segundo = moto saindo do túnel.
12 toques breves por segundo = moto entrando na garagem.
12 toques breves por segundo = moto saindo da garagem.
12 toques breves por segundo = moto na contra-mão.
12 toques breves por segundo = moto andando na calçada.
12 toques breves por segundo = moto avançando sinal.
12 toques breves por segundo = moto fazendo conversão proibida.
12 toques breves por segundo = moto reclamando de fechada.
12 toques breves por segundo = moto com 3 pedindo prioridade.
12 toques breves por segundo = moto.

Bom é isso. Espero que este manual ajude você a entender o que os pacatos cidadãos cariocas que se transformam em feras assassinas por estarem conduzindo um veículo auto motor querem dizer pouco antes de passar por cima de você.

Ou talvez, quem sabe sirva de inspiração para alguém fundar uma ONG contra a poluição sonora, pela regulamentarização das buzinas, sei lá...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008



Eis porque você recebe emails indesejáveis

Na luta por audiência a televisão aberta virou um esgoto a céu aberto. O mesmo pode valer pra Internet, claro.

O serviço ao qual o Yahoo! Respostas se propõe a fornecer é excelente. Porém, sem o bom senso por parte dos usuários e sem a moderação por parte da empresa, acaba por se tornar reduto de toda espécie de piratas, spammers, e sabe lá que outros seres mal intencionados.

Um exemplo: numa das perguntas, o cidadão quer uma dica de programa para envio de "emails em massa". Alguém responde insinuando que spam é crime. O cidadão se sente ofendido e responde via email. Tive acesso a tal email, que segue abaixo:


De: www.hipermercad***

Assunto: Enviar emails

Mensagem: quem te falou que spam é crime, pode ser crime fora do Brasil, mais aqui não tem nenhuma lei especifica referente a envio de e-mails, e quem inventou a palavra SPAM, vc é daqueles que acredita em tudo que te falam ou que passa na tv, SPAM nada mais é do que uma maneira de mandar mensagens e propagandas sem pagar comissão para os PROVEDORES, dai eles tentam plantar na cabeça das pessoas esta história de crime, crime é os milhões que os Pilantras roubam do povo, e de vc também

...

Copyright © 2007 Yahoo! do Brasil Internet Ltda. Todos os direitos reservados. Termos do Serviço.


Realmente, spam não é crime no Brasil infelizmente, o cidadão está muito bem assessorado. Mas ele vai além e acha que o spam é como o arco e flecha do Robin Hood, ajudando os pobres e seu handicap. E como todo bom brasileiro, dá um jeito de culpar alguém pelos seus próprios erros.

Fui informado que tal email foi encaminhado pro Yahoo! Brasil que nunca se pronunciou (pelo menos não até hoje).

Então, quando você receber o spam de www.hipermercad***, já sabe o porquê. Foi um ato pelo bem dos pobres, contra a Aristocracia. Certo.

terça-feira, 28 de outubro de 2008



Domingo no Rio

No Domingo do segundo turno, voltando da casa do meu pai, num acesso à Linha Amarela, escapei por pouco de um assalto.

Um carro na minha frente estava meio lento, na esquerda, eu achei meio estranho e reduzi. De repente ele vira e fecha a rua, abre as portas e os caras vão saindo com os fuzis na mão. Eu virei e acelerei, cortando pela esquerda. Um deles chegou a atirar meio atrapalhado e errou (provavelmente atirou no chão).

Tive impressão de ver o carro deles pelo retrovisor, me seguindo. Fugi a toda desviando dos outros, alheios à minha situação. No acesso à Perimetral senti que um pneu estava furado mas não parei... Descendo pra pegar a Francisco Bicalho o carro quase derrapou, então resolvi parar (antes que sofresse um acidente).

O pneu estava todo acabado e a roda cheia de dente. Procurei mas não vi buraco de bala.

Tudo em que conseguia pensar era o que poderia ter acontecido se minha esposa e meu filho estivessem no carro. Teria tido a mesma reação? A mesma sorte?

Estive perto de levar um tiro, e não era bala perdida. A bala era pra mim. E ainda ia ser o culpado, por tentar fugir.

É como dizem, os incomodados que se mudem.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008



Você é um Lindemberg, uma Eloá ou uma Nayara

Faça aqui o teste de personalidade e descubra quem você é nessa história toda: Lindemberg, Eloá ou Nayara?

A cada afirmação, responda com uma das opções de 1 a 4. Vamos a elas:

A) Sou uma pessoa passional e determinada.
1 - concordo plenamente
2 - concordo parcialmente
3 - discordo parcialmente
4 - discordo totalmente

B) Meus amigos me querem muito bem.
1 - concordo plenamente
2 - concordo parcialmente
3 - discordo parcialmente
4 - discordo totalmente

C) Me importo muito com o bem estar dos outros.
1 - concordo plenamente
2 - concordo parcialmente
3 - discordo parcialmente
4 - discordo totalmente

D) Se pudesse, ajudaria a construir um mundo melhor (mas não posso).
1 - concordo plenamente
2 - concordo parcialmente
3 - discordo parcialmente
4 - discordo totalmente

E) Crime é uma coisa ruim, a vida deveria ser pacífica.
1 - concordo plenamente
2 - concordo parcialmente
3 - discordo parcialmente
4 - discordo totalmente

F) Os outros sempre cometem erros, por que eles não podem ser como eu?
1 - concordo plenamente
2 - concordo parcialmente
3 - discordo parcialmente
4 - discordo totalmente

G) Meu teletubie preferido era o lilás.
1 - concordo plenamente
2 - concordo parcialmente
3 - discordo parcialmente
4 - discordo totalmente

Para cada pergunta some o número da resposta escolhida. Por exemplo, se você marcou a opção 2 para as 7 perguntas, você fez 2 x 7 = 14 pontos.

Vamos ao gabarito:

0 a 6 pontos - Você consegue entender o conceito de escolher uma resposta? Provavelmente você é uma Nayara que voltaria ao cativeiro de livre vontade para ajudar de alguma forma misteriosa.

7 a 13 pontos - Você concorda demais com tudo. Você perdoaria até Hitler. Você é a mãe de Eloá.

14 a 20 pontos - Você é inseguro e indecidido. Definitivamente você não é Lindemberg.

21 ou mais pontos - Você discorda do razoável mas entende que o mundo é como ele é. Conhece as regras e sabe jogar com elas. Você é frio e calculista. Você comete poucos erros e tem o controle da situação. Parabéns, você é o GATE!


Agora uma pausa para nossos reclames:

Lançamento dvd 100 Horas, com a íntegra do Sequestro do ABC e extras com os melhores momentos comentados por especialistas em sequestros passionais. Os 100 primeiros compradores vão participar ao vivo da reconstituição do crime.

Quer interpretar a Nayara na nova minisérie Santo André? Aguarde!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008



Ficção sem Nome (cont.)

No espisódio anterior nossos amigos Dionis e Molony conversavam sobre sua situação, na Infantaria Embarcada, proximidades de Saturno. Alguns dos leitores (dois) se interessaram em escrever o final da história. Todos os (dois) finais são muitos bons, mas nenhum tão bom quanto o meu; portanto optei por publica-lo.

Como assim não é democrático? Claro que é. O que aconteceu foi, digamos, uma reeleição do meu mandato como escritor da história.


Assim, sem mais, segue o fim desse intrigante conto:

(continuação:)

Molony coçou a cabeça, abriu a boca pra falar qualquer coisa mas foi interrompido pelo violento alarme sonoro (que lembrava a vinheta de um antigo jornal da televisão - mas como ele poderia saber?):

- Pa papa papa papapaaam... pa papa papa papa papaaam... thurum.

Em seguida ouviu-se a mensagem:

- Atenção funcionários ASeg e ADef, rotina 54, funcionários ASeg e ADef, rotina 54.

Dionis e Molony já estavam em seus postos antes do fim da mensagem. Colocaram os fones de ouvido no pescoço e apertaram ctrl+alt+del em suas estações. Molony tirou o telefone da base, e discou um número. Dionis digitava freneticamente.

- Radar maximizado no terminal 2 - gritou Dionis.
- Ok - rebateu Molony.
- Sistema de Danos ativo e operante, maximizado no terminal 3 - gritou Dionis.
- Ok - gritou Molony de volta.
- ...
- Que houve?
- Lembra a senha do Banco de Dados Balístico?
- $ER334>8C(
- Como vocês decoram essa porra...
- Abriu o SisBal no terminal? - Interrompeu Molony, visivelmente tenso.
- Tá, SisBal, terminal 1, máx.
- Alô! Sgt. Molony, Infantaria ER-334, em rotina 54! Gritou Molony para o telefone.

Mas do outro lado da linha, uma voz rouca e calma contrastava com todo o ambiente ao redor de Molony. A voz tranqüila disse suavemente, "Malony", uma pausa leve, "Tira seu pessoal daí". "Boa sorte", finalizou.

Molony baixou o telefone e olhou ao fundo a janela. Uma luz branca, linda, vinha em sua direção. Dionis virou-se para Molony e só então percebeu a janela cada vez mais clara. Abriu bem os olhos pela última vez.

Seu último pensamento foi:

- Azeus filho de uma p...

FIM

quinta-feira, 25 de setembro de 2008



Ficção sem Nome

Este é o primeiro post de uma série sobre Ficção 2.0. Depois do Projeto #microconto via Twitter, voltamos ao blog pra começar uma história e deixar a cargo dos leitores terminá-la. Assim todo mundo ganha. O autor escreve menos, o leitor acha que participa e quem sabe eu não apareço nessas revistas contando sobre o novo processo criativo derivado da web 2.0? Acreditem, se eu ganhar algum, prometo esquecê-los rapidinho...

Segue nossa primeira história:

- Cacete!
- Que houve?
- Nada, não. Droga de frio - reclamou Dionis, esfregando os braços. Droga de friaca, onde a gente tá afinal, Plutão?
- Na verdade estamos perto de Saturno. Dá pra ver o anel? - Brincou o sargento Molony.
- Dô não, dô porra nenhuma. Muito menos pra ver lixo em órbita. Vou pegar um café.
- Pega pra mim também.

Dionis volta, dois cafés na mão.

- Cheguei lá tinha acabado, tive que fazer um novo. Tá, fresco?
- Engraçadinho. Seu café é uma merda, mas pelo menos tá quente.
- Quando esse frio vai diminuir?
- Não vai, porque iria? Estamos cada vez mais longe do Sol...
- Eu sei, porra, mas quando a gente volta?
- Ah, não sei...
- Sabe sim, só não pode falar.

Molony sorriu levemente, levando o café à boca em seguida.

- Porra, ficar de plantão nessa porra é maior furada - Dionis não se conformava.
- Quem mandou entrar pra Infantaria...
- Eu fiz prova pra piloto, não passei. E você? Todo estudado e entendido aí, porque tá nessa roubada?
- Sei lá... Pára de reclamar. Segura um cigarro aí.
- Pode fumar aqui??
- Poder não pode... - Molony acende o cigarro - Mas se você não contar, eu também não conto.

Dionis dá duas baforadas e se enconsta. Olha pela janela, distante, e pergunta quase que para si mesmo:

- Você lembra do Azeus?
- Aquele baixinho, do 3o. Regimento?
- Ele mesmo. Lembra que ele tinha um irmão na Inteligência, e que enchia o saco dizendo que ia ser nosso comandante um dia... Lembra? Como era folgado aquele pilantra...
- Mas por que você tá falando dele?
- Sei lá... nunca mais ouvi falar dele.
- Acho que morreu naquela operação em Marte, aquele cerco uns 2 anos atrás.
- Pertinho de casa... A gente sai um dia e não sabe se volta... - Dionis continuava olhando pela janela.

(continua...)

sexta-feira, 4 de julho de 2008



Coca-cola e blogueiros de aluguel

Interrompo meu período sabático para declarar: não gosto de Coca-cola e não gosto de blogs sem personalidade. Os anúncios Adsense que se vêm neste site (acima, à direita e abaixo) são meramente estéticos e renderam desde 2005 US$ 4,30 a estes que vos fala, valor totalmente convertido em doações ao Red Cross Disaster Relief Fund.

Voltemos à falta de programação normal.

quarta-feira, 21 de maio de 2008



Saudades da Invernada de Olaria

Nos fins de semana da década de 60 era obrigatório assistir os jogos de futebol da equipe da Invernada, cujo “homem gol” era Lincoln Monteiro, um dos chamados “Homens de Ouro”. Na zaga havia um xerife que não figurava nos quadros da polícia, mas viria a ser tricampeão no México, onde foi considerado o atleta de melhor preparo físico da Copa de 1970. Seu nome: Hércules Brito Ruas e fez história na zaga do Vasco, ao lado de Fontana.

Assistíamos às partidas sentados em troncos existentes à volta do campo, onde hoje é uma praça.
Em meio aos policiais de ofício, ouvíamos conversas de pé de ouvido, combinando ações que apareceriam nos jornais, e seriam atribuídas a um tal de “Esquadrão da Morte”.

Era época de Le Coq, Mariel Mariscot, e os bandidos, como Cara de Cavalo e o romântico Lucio Flavio Vilar Lírio, tinham medo da Invernada.
Com Humberto de Mattos, o respeito pela Invernada continuou. Polícia era polícia e bandido era bandido. Simples assim.

Agora, tantos anos depois, é a polícia que nos tira o sossego. Não de forma proposital mas, por se tornarem alvos. E, quando os alvos ficam em nossas portas, também nos tornamos alvos, além de surgirem pequenos atritos. Com o cerco aos acessos ao morro do Cruzeiro, ruas tão pacatas como a Gomensoro, Bernardino Gustavino e Pinto Júnior entre outras, passaram a ter presença constante da polícia (inclusive BOPE, CORE e RONAC), por se tratar de um excelente ponto de observação. Os moradores, que há mais de três décadas não tinham qualquer problema relacionado com violência, nos últimos 90 dias não podem sequer sair de casa, sem correr risco de vida.
Pelos rádios da polícia são ouvidas provocações. A resposta é uma rajada de balas, não importa em que direção, com o rádio ligado. O importante é o recado para os provocadores: “ouçam a música”.
As luminárias que tão bem iluminavam o local, foram destruídas pelos próprios policiais e a Rio Luz se recusa a trocá-las alegando que é perda de tempo, já que elas seriam destruídas novamente.

O clímax ocorreu no domingo, 18 de maio de 2008, às 22:50h, quando um policial desceu de uma viatura do 16o batalhão e efetuou vários disparos contra uma residência. No local mora um casal de 80 anos desde 1964. Um dos projéteis ficou alojado num dos veículos que estavam na garagem, podendo ser usado para determinar de que arma foi disparado, desde que haja interesse das autoridades.
Fica a dúvida: vale a pena reclamar no batalhão? Será que não estaremos reclamando diretamente com o autor dos disparos?
Fica a sugestão ao nosso governador para tentar identificar este policial, pois é de homens com esta coragem que precisamos para combater a criminalidade, deixando que as pessoas de 80 anos ainda possam morrer de velhice.

Que saudade do tempo em que bandido não vestia farda com tanta facilidade.
Que saudade do tempo em que o Vasquinho driblava vários adversários e, após driblar o goleiro, deixava o patrão Lincoln Monteiro mandar a bola para as redes. Apesar do uniforme ser do Bangu, e doado pelo sr. Castor de Andrade, tudo terminava em churrasco e podíamos andar à vontade pela região a qualquer hora do dia ou da noite, com a proteção da INVERNADA DE OLARIA.


CAMC – Morador de Olaria há 44 anos.

terça-feira, 4 de março de 2008



Dando Explicações

Caros,

Sei que estou em dívida com o Mamendes Express, mas infelizmente a situação não é das melhores. A falta de tempo é só um detalhe, eu ando mesmo é estressado e desinteressado. Leia um post antigo qualquer, mande um email pra bater papo, ou Veja aqui pra se estressar também.

Vou tentar mandar notícias.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008



Inteligência de Marketing

Duas histórias sobre Inteligência de Marketing:

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Eu estudava num curso de pós graduação de determinada instituição, que prefiro não revelar, e havia um aluno não muito modesto que insistia em 'ganhar' as discussões em sala com a última opinião. Estava sempre disposto a ilustrar uma discussão sobre Finanças com informações sobre o processo de extração de petróleo na época de Thomas Edison. Ele foi carinhosamente alcunhado de 'Só-pra-Finalizar'. Só-pra-Finalizar trabalhava, nas suas próprias palavras, com Inteligência de Marketing. Ninguém se interessava em aprofundar essa conversa.

Graças à sua ação devastadora sobre a participação média da turma, Só-pra-Finalizar ficou conhecido entre os professores, de tal forma que, quando iniciou-se uma nova disciplina, o novo professor já estava avisado do perigo.

Já na primeira aula, Só-pra-Finalizar, só-pra-finalizando, versou sobre as tendências dos novos materiais utilizados nos armamentos americanos, em plena aula de Contabilidade.

Finalizada a finalização, com muita calma, o professor se dirige a ele:

- Você trabalha com quê?
- Eu trabalho com Inteligência...
- Ainda bem, pois caso contrário seria o primeiro a trabalhar com Ignorância. Que eu conheça...
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A outra história foi num antigo emprego meu, numa empresa de internet, que prefiro não referenciar.

Vivia minha vida sossegado, junto ao resto da equipe, trabalhando com dedicação exemplar, quando uma pessoa do RH, responsável por nos mudar de baia a cada semestre, se aproxima.

- Você vai mudar de lugar.
- Mas não passaram 6 meses...
- É, mas esse lugar vai ser do estagiário de Inteligência de Marketing que chega semana que vem.
- E eu vou pra onde? O resto da equipe tá todo aqui...
- Vou arrumar um lugar provisório pra você ali no corredor.
- Ué, o novo estagiário da Inteligência de Marketing vai pro lugar definitivo enquanto o funcionário da Burrice de Tecnologia vai prum lugar improvisado?
Dois dias depois eu estava numa mesa pequena e velha, fingindo chegar pra frente toda vez que alguém passava pelo corredor.