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Humor, crítica, crônica, comédia e sátira sobre o Rio de Janeiro, o Brasil e o Mundo |  Defendendo o humor inteligente do Capitalismo e do Aquecimento Global, antes que se torne brinde de pasta de dentes

segunda-feira, 17 de outubro de 2005



Vote, talvez

Edição Especial: Plebiscito do Desarmamento

Atenção: está é uma matéria comprada que não necessariamente está alinhada com a nossa opinião editorial. Os únicos responsáveis por ela são os patrocinadores, cujas identidades serão mantidas em sigilo por puro clichê mercadológico.

Não aguento mais receber spam sobre como eu devo votar NÃO. Assim, em MAIÚSCULAS. Como seu eu fosse SURDO. Ou BURRO.

"Vote NÃO pela sua segurança". "Vote NÃO e ninguém se machuca". "Vote NÃO e os bandidos vão cagar de medo".

Eu fico imaginando que a situação corrente é o não, certo? Hoje em dia qualquer advogado, juiz, despachante ou funcionário público tem uma arma, certo? Basta entender da burocracia da Colônia de Santa Cruz das Províncias do Sul. Qualquer coronel, sinhozinho, bemfeitor, bandeirante, qualquer um destes tem uma arma. Sólida, rígida, limpa, cromada, brilhante, fálica, cheia de balas, pronta para cumprir seu dever, seja de expulsar os que ofendam à propriedade a família a honra, seja pra expulsar comunistas comedores de criancinhas. Se a situação está assim como está, não foi por falta de armas...

Citam que Hitler desarmou a população "antes de exterminá-la". Que eu me lembre bem (sim, eu nasci há 10 mil anos atrás), Hitler tentou um golpe de estado, fracassou, e então conseguiu ser eleito. Daí ele aproveitou toda a frustração alemã, de ainda pagar pelos danos causados na 1a. Guerra para encontrar um culpado: os estrangeiros (ele mesmo era austríaco!), em especial os judeus, que "sugavam a riqueza do povo", tão sofrido. E então, enquanto ele unia todos os arianos da europa, canalizou todo o ódio retido e o usou para cadastrar, confiscar, separar, escravizar e então, finalmente, exterminar o povo semita. Portanto, relaxe, o presidente ainda vai criar guetos, campos de trabalho e só então vai exterminar o SEU PRÓPRIO povo, desarmado. Pra quê eu não sei, mas se você não votar NÃO ele vai, claro que vai, é lógico que vai.

Afirmam que ter arma em casa é seguro, basta não deixar à vista ou engatilhada. Que os filhos nunca sabem onde o pai guarda a arma. Dizem também que suas filhas de 17 anos são virgens... E que seus filhos não usam drogas. Não, com toda certeza eles nunca, num acesso de abstinência de heroína, pegariam a arma dos pais pra fazer besteira.

Falam como se estar armados evitasse assaltos, na rua ou em casa. Quantos policiais morrem em assalto, por causa dessa simples regra: se você está armado tem que sacar; se você sacar, tem que atirar; se você atirar, tem que matar. O que era um assalto, vira uma tragédia. E você, está preparado pra matar ou morrer pelo seu celular? O bandido está.

Alertam que sabendo que ninguém tem armas os bandidos vão fazer a festa... E o que eles estão fazendo agora? A cidade do Rio é mais violenta que a Bagdá de hoje, a Bogotá de ontem e a Chicago dos anos 30. Juntas. Alguém precisa alertar urgente ao bandidos, então, de que hoje existe gente armada !

Dizem também que é preciso ter arma para estar seguro. Eu nunca tive arma, conheço poucas pessoas que têm, mas ninguém nunca sentiu tanta falta delas pra ficar seguro, até tocarem no assunto. Mas aí chega-se ao cúmulo desta campanha do des-desarmamento: "Você não precisa estar armado, basta que ALGUÉM esteja". Ótimo, vou andar pelas ruas muito mais seguro sabendo que algumas pessoas estão armadas. Vou relaxar na praia. Vou descer do carro pra discutir o prejuízo muito mais tranquilo. Vou jogar uma partida aguerrida de futebol com toda a serenidade. Vou pular o muro e dar uns pegas na filha do vizinho em paz. Vou saber que meu irmão mais novo está num show no Olimpo ou na Apoteose e vou dormir sereno. Vou ao Maracanã tirar sarro do time perdedor, crente no espírito esportivo do adversário.


Por outro lado...

Do alto do meu prédio com portaria 24 h, portão eletrônico, rua patrulhada pela PM, câmeras de segurança, vizinhos por perto, não me sinto bem pensando em quem tem uma pequena propriedade no interior do Mato Grosso, do Amapá, do sertão (ser tão longe). Principalmente quando penso que uma facção criminosa menor, frustrada, expulsa do Comando Vermelho, pode resolver se alojar no interior brasileiro, pra ter uma vida mais tranqüila, longe do corre-corre das capitais.

Não me sinto bem quando penso que na cidadezinha de Conceiçãozinha Caiu do Leste, o prefeito e o delegado são amigos de infância, e donos das maiores propriedades do local. Ai de quem passar no caminho deles.

Não consigo deixar de pensar no exemplo da comunidade carioca (não vou citá-la) que consegue manter o tráfico longe, às custas de muito esforço e coragem. Sem o comércio de armas talvez ela seria mais uma comunidade escravizada pelo poder dos traficantes.

Também não consigo acreditar que as dezenas de fuzis americanos, russos, israelenses, austríacos, os lança-foguetes, as bazucas, etc. que estão nas mãos de nossos traficantes sejam fabricadas no Brasil. Porque se forem, nós poderíamos estar ganhando um bom dinheiro vendendo equipamento pro exército americano.

Não gosto, tampouco, da idéia de fechar toda a atividade relacionada a armas do país (fábricas, lojas, clubes, etc); emprego é emprego, e o povo precisa de cada um deles...


Portanto...

Vou manter minha política e votar em quem sempre voto. Nunca falhou e nunca me arrependi. Tenho certeza que, quando mais pessoas votarem como eu, nossa situação vai melhorar.

Só não posso dizer em quem pois não quero fazer apologia ao voto nulo...



Moral da história:

1) Não me mande e-mails sobre como eu devo votar. Já não me basta o tempo na TV.
2) Não me mande e-mails ameaçadores, eu não sou burro
3) Não me mande e-mails com maiúsculas, eu não sou cego nem surdo
4) Não finja saber do que você não sabe, deixe essa parte comigo....
5) Quer ser um super-herói e salvar sua família? Mantenha os jovens longe das drogas e perto do estudo e das camisinhas.

3 comentários:

Andr'Apps disse...

O desarmamento deve vencer sempre. SIM. O armamaneto tem que vencer sempre. NÃO.
O cultura global da comercialização será traduzida em um arsenal de reinvidições junto a OMC quando se possível o SIM ganhar. Ou o NÃO.
Minha questão primeira. Por quê nesta votação o NÃO vem antes do SIM. Sempre foi sim ou não, desde a época da escola.....

mamendes disse...

O Rique perguntou se já houve alguma eleição tão esdrúxula quanto essa?
Eu respondi que não, não lembrava ao menos de nenhuma eleição tão inútil que houvesse sido obrigatória. Nem a do Parlamentarismo x Presidencialismo x Monarquismo !
Mas peraí, qual foi aquele que o Collor venceu mesmo ???

Noel Irwin disse...
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