Anunciantes


Humor, crítica, crônica, comédia e sátira sobre o Rio de Janeiro, o Brasil e o Mundo |  Defendendo o humor inteligente do Capitalismo e do Aquecimento Global, antes que se torne brinde de pasta de dentes

quinta-feira, 13 de abril de 2006



Você chama isso de m.?!?!

Um amigo me pára na hora do almoço e pergunta: "Você sabe o que é m.? M. é quando o sistema dá pau por causa de alguém (viado e fdp) e você (corno) é o cara que tem que descobrir e contar pro cliente que nem sequer o backup pode ser restaurado".

Após o almoço, de volta ao escritório, ainda ria da cara dele quando os auditores chegaram e fizeram um sorteio pra ver quem seria o Cristo daquela semana: eu. "Você chama isso de m.?" - gritei pro meu amigo, que se dobrava de rir com o agora pequeno problema de backup.

Todo mundo já recebeu aquele e-mail com as frases que tipicamente antecedem à m., tipo, "Isso nunca deu errado antes", "Confie em mim", "Meu marido só volta à noite", "Faz se tú é homem", ou "Vou votar nesse porque ele rouba mas faz". Mas nunca ninguém fez um estudo aprofundado.

Resolvi me aprofundar no tema. Como a definição de m. tem evoluído ao longo da história? Uma m. nos anos 70 era pior ou melhor do que uma m. do século 21? Como será a m. do futuro? Tudo isso essa quinta no M. Repórter - reprise sábado no M. News e domingo no M. Espetacular.

Primeiro vamos a um pequeno glossário para colocarmos todos na mesma página:

M. - acontecimento que afeta uma ou mais pessoas de forma negativa.
Chefe - nunca é responsável pela m., embora cause várias por dia
Viado ou fdp - cidadão causador da m.
Corno - consertador de m. ou afetado por ela.
Hiena - aquele que gosta de m. e lucra com ela. Vide consultor, auditor, advogado.
Meia-vida - o tempo que a m. leva para perder metade do seu efeito.

A primeira m. da história da humanidade foi, sem dúvida, Adão comer a maçã da árvore do pecado. Sim, Adão, porque Eva com certeza só levou a culpa por que chegou por último no Paraíso.

Mas ainda antes disso algum dinossauro fez m. e acabou com toda uma era. Talvez ele também tenha comido algo que não devia.

Ao longo dos tempos, as m. vêm ganhando maiores proporções. Você pode se perguntar o que seria maior que destruir quase toda a vida na Terra, porém se os dinossauros não podiam raciocinar, também não podiam apreciar a m. do mundo acabando ao se redor.

A m. seguinte foi o rapto de Helena de Tróia, digo, para Tróia. Essa m. não só destruiu a cidade, como foi responsável por várias m. na seqüência, como a fundação de Roma, o filme horroroso estrelado pelo traseiro de Brad Pitt.

Roma, responsável por várias m., iria inventar a burocracia e o serviço civil, iria destruir a biblioteca de Alexandria, antes de ruir pelo peso de sua corrupção e eleger o Berluscollini.
Várias m. na idade média: Cruzadas, invenção do divórcio (e por conseqüência, da ex-mulher), a Inquisição e a caça às bruxas.

Na Idade Moderna, um assassinato de um príncipe qualquer causou uma grande m., digo, guerra, que causou outra, e que não melhorou em nada a m. fria. O homem vai para o Espaço, pisa na Lua e cria assim a m. espacial. O mundo se globaliza e as m. se intensificam. O Terrorismo e o Anti-terrorismo surgem e desde então é m. atrás de m.

No Brasil, a m. evolui ao longo do tempo em ordem exponencial:

M. na década de 70 - a Ditadura e a Censura, que proibiam o uso da expressão "m."
M. na década de 80 - o Brasil perder a Copa de 82
M. na década de 90 - Collor e o confisco e da poupança; FHC e a alta dos juros
M. no ano 2000 - As contas erradas das empresas de telefonia celular; Lula e o Mensalão; Seu filho menor de idade usar seu micro para crimes digitais;

Graças ao processo privatizatório das telecomunicações, grandes empresas surgem: Telemerda, Merdofônica, Brasil Merdacom. Vários novos serviços de m. surgem no país. TV a cabo, celular, conexão banda larga e tantos outros serviços caros e que raramente funcionam. Nos bastidores, vários "funcionários" sem vínculo empregatício e recém saídos da faculdade processam as faturas e as cobranças destas empresas, de domingo a domingo, horas e horas a fio, num processo que mais faz lembrar a indústria de tear inglesa ou as usinas de carvão russas do início do século (passado).

O Marketing também evolui, de foco no produto para foco no cliente e, mais recentemente, de foco no cliente para foco na m. O Call Center evolui e você agora recebe ligações no domingo à noite oferecendo outro cartão de crédito de m.

Nos escritórios as m. estão de vento em popa. Chefes de m., funcionários de m., produtos de m., consultores de m., todos juntos oferecendo a seus clientes o supra-sumo e o estado da arte da m. Estagiário então é igual ao Edmundo: tá esperando pra fazer m! Na área de informática, m. é uma filosofia de vida, onde um software de m. vale milhões, muda uma empresa inteira, mesmo sendo uma m. e sem nunca cumprir o que promete.

Mas a vida segue, o ano de 2006 nem chegou à metade, e só nos resta torcer por m. melhores e observar de perto a programação de m. das TVs abertas. Ah, e claro, fazer nossas apostas no Romário ou no Pelé para ver quem chega primeiro ao milésimo filho ou à milésima m...


O Evangelho segundo Suzzane

Não só a mídia, a sociedade, os formadores de opinião, os profissionais liberais, os políticos e os criminosos, mas também o povo brasileiro ficou impressionado com a entrevista do Mário, advogado de Suzzane Rich, interpretada pela própria, ao Fantáástico. Apesar do choro sem lágrimas e o balbuciar repetitivo e inaudível, a patricida garantiu sua vaga na novela juvenil Malhação 2007 - que mudará seu cenário para o presídio feminino do Carandirú.

O advogado porém, ficou indignado com a falta de respeito à sua privacidade com sua cliente gostosinha. "Chora, neném, chora! Isso berra! Faz careta agora!" - Frase dita pelo advogado ao pé do ouvido de sua cliente, porém cortada da edição da entrevista. Que injustiça!

Mário teria arranjado a entrevista para mostrar o dia-a-dia de Suzzane, seus hábitos, seus livros e discos, os passarinhos que cria, e outras atividades que pratica enquanto não está fazendo sexo grupal com bandidos ou matando os pais.

A Globo disse que ao perceber a farsa não lhe restou alternativa a não ser denunciá-la. Foi uma questão de ética jornalística. Resta então saber qual é a alternativa ética para até hoje não se mostrar os bastidores da ligação entre o futebol carioca e o tráfico...

Nenhum comentário: