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Humor, crítica, crônica, comédia e sátira sobre o Rio de Janeiro, o Brasil e o Mundo |  Defendendo o humor inteligente do Capitalismo e do Aquecimento Global, antes que se torne brinde de pasta de dentes

quinta-feira, 4 de maio de 2006



Hay que endurecer

Rio de Janeiro, Bar Luis, noite de quarta.

- Garçon, trás um conhaque.

Pego a caneta e o caderno e começo a fazer as anotações. Acendo o charuto, recosto na cadeira e visualizo a outra meia dúzia de clientes do bar.

Foi uma semana agitada, e eu não tive tempo de escrever. Garotinho fazendo greve de fome, a Bolívia tomando a Petrobrás, o caseiro pedindo uma aposentadoria milionária de indenização, deputados gastando Iraques de petróleo em cotas de gasolina, as obras do Pan que vão ficar prontas na semana de abertura do evento, o país adquirindo a auto-insuficiência e, finalmente, o Chico confessando que fuma e brocha.

Infelizmente todas as boas piadas já foram usadas. Só me resta lamentar os ocorridos. E talvez um plágio ou outro.

- Garçon, me vê aquela porção de milanesa e salada de batata.

Garotinho, esse grande gênio da política, religião e rádio-difusão, o grande mentor da grande Rosinha, essa futura Senadora, futuros santos-beatos já em processo de canonização. O aprendiz que roubou o apelido do mestre. Esse mesmo. Face à complexidade do mundo e a pouca fé da Humanidade, esse grande homem público, lembrando ídolos como Gandhi, resolveu de forma nobre entrar em greve de fome e doar as suas 3 refeições diárias aos famintos, enquanto não acabarem as guerras no mundo, a poluição do meio-ambiente e enquanto a TV brasileira não reprisar a série Chips.

Tão bombástico quanto o regime do Garotinho ou o cancelamento do show do Zeca na festa de comemoração da auto-suficiência em petróleo do país, foi a ocupação, uma semana depois, das instalações da Petrobrás pelas tropas de elite do presidente-índio-cocaleiro Erva Morales. Erva tomou a decisão após reunir-se com seu gabinete e tomar um cházinho para abrir as idéias. Em seguida, acionou 100 soldados (metade do contigente do país), munidos de tacapes, pedras e aquelas flautas de bambú -- armas típicas dos índios bolivianos. Cercaram as instalações brasileiras e ficaram tocando na porta até que alguém comprasse um CD -- ou cedesse o controle dos prédios.

Desde a ocupação vários especialistas surgiram explicando quando e como nosso país errou ao importar a matéria-prima do nosso vizinho gasoso. "Foi mexer com gás deu nisso". Outros afirmam que foi-se a época em que era fácil passar a perna em índio. "Não existem mais bobos no futebol, e nem no setor energético", afirma um técnico da área.

Mas os problemas não acabam por aí. O determinado Erva pretende, a médio prazo, acabar com todas as reservas de gás do país (acendendo um fósforo nas minas) e plantar coca em tudo o que sobrar. Os gasodutos seriam aproveitados e convertidos em cocadutos, distribuindo de forma rápida e barata a especiaria boliviana.

Diplomatas brasileiros trabalham num acordo que possa garantir resultados para ambos os lados. Alguns estudam a possibilidade de devolver o Acre à Bolívia, em troca das minas de gás. Outros países estão oferencedo acesso ao Pacífico, ao Atlântico e até ao Índico aos bolivianos. Movimento no Orkut exige a anexação do país vizinho, antes que a coisa piore. Pela política externa do nosso governo até agora, porém, o mais provável é exatamente o contrário...

Portanto vá caprichando no seu espanhol, compre o CD alí na São José, e acostume-se ao prazer de um bom chá direto dos Andes.

- Garçon, o café e a conta.


Polêmica

Trecho divulgado do Evangelho Segundo Judas:

"Vesti uma roupa bem quente e, debaixo do Sol escaldante, repeti tudo que ouvistes à exaustão. Espalhai-vos e gritai aos brados, em toda praça ou esquina, a assim chamada palavra do senhor. Gesticulai em excesso, enchei o saco dos transeuntes, xingai as outras religiões e mencionai o nome dos Santos e do Capeta em alto e bom som."


Cena carioca

No matagal que ocupa o espaço onde será o Velódromo do Pan, várias autoridades da Cidade, Estado, União e inclusive internacionais, acompanhadas de perto pela Imprensa, todos munidos de capacete, declararam-se satisfeitas com o andamento das obras (!).

A pergunta que não quer calar é: pra que servia o capacete? Não havia nenhuma estrutura de pé no local!

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