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quinta-feira, 11 de outubro de 2007



Gentileza não morreu em vão

Eram 9:30 da manhã de quarta na Tijuca. Parei ao sinal e organizava os pensamentos sobre o dia quando um carro passa com velocidade pela direita, cortando novamente para a esquerda e fechando a rua à minha frente. Me preparei pra ser assaltado, sina de brasileiro da paz que sou. Então percebi que o tiozinho no Corsa era só um carioca moderno, importante e dono da razão, como muitos se sentem nestes dias de guerra. Avançou o sinal, trancou a rua, bloqueou a faixa de pedestres e ficou lá, até que o sinal abriu; ainda empacou o trânsito de quem havia respeitado a sinalização. Dobrou à esquerda e seguiu devagar, mostrando que a pressa era só balela, porque ficou pra trás ao longo de um trecho de 100 metros...

Mais um cidadão de bem, abandonando suas crenças e caminhando em direção à Violência. Não só desrespeitou à lei, como também aos pedestres e aos outros motoristas. Era uma manhã de quarta, senhoras faziam suas caminhadas matinais, donas de casas iam às compras, adolescentes corriam atrasados à escola. Pontos de ônibus estavam cheios, trânsito complicado. Mas o tiozinho daquele Corsa era mais importante que os outros oito ou dez carros que estavam parados no sinal. Ele não podia parar. Não podia ficar pra trás.

Mais uma pequena tragédia para nosso cotidiano. A repetição que transforma o erro primeiro em banalidade, depois em comportamento padrão. Talvez uma ultrapassagem pela direita seguida de avanço de sinal e bloqueio de faixa de pedestres não seja como aquele pequeno assalto a carro que culmina em morte, mas não deixa de ser uma derrota na nossa eterna luta por um mundo mais amistoso.

Foi uma tragédia que indicou o caminho a José Datrino, que a partir daí adotou o nome de Profeta Gentileza, como é mais conhecido:

http://pt.wikipedia.org/wiki/José_Datrino

Em algum momento esquecemos de suas palavras simples e justas. É duro enfrentar a situação atual da cidade sem contar com a sua sabedoria.

2 comentários:

Mystic Horseman disse...

Incrível mesmo como as pessoas a cada dia que passa se respeitam menos e dão menos atenção aos outros. Eu também ando bastante de carro aqui por Porto Alegre, onde moro. Ás vezes levo minha câmera para justamente registrar estas coisas e colocá-las no blog.

É amigo, o termo "Selva de Pedra" nunca esteve tão atual quanto agora. Todos são predadores, e sabemos muito bem que, num ambiente onde só existem predadores, o final da história é sempre igual : Extinção total.

Pena ninguém pensar nisso no dia-a-dia...

Agraços
Luz e Paz
HorseMan

mamendes disse...

Eu diria até, Mauricio, de maneira geral, pena ninguém *pensar* de seg a sex. E nos fins de semana, menos ainda

[]'s